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Foto do escritorBruno Lisboa

Depois do Fim marca nova fase dos mineiros da Lagum

Foto: Weber Pádua

Desde a formação em 2014, a Lagum tem conquistado o público brasileiro de forma meteórica e é atualmente uma das bandas mais promissoras do país. Formada na atualidade por Pedro Calais (vocalista), Zani Furtado (guitarra), Jorge Borges (guitarra) e Francisco Jardim (baixo), a Lagum tem excursionado constantemente e figura em boa parte dos line ups dos grandes festivais como o Lollapalooza Brasil. Como se não bastasse o projeto autoral, o grupo tem produzido, desde o ano passado, um festival próprio nomeado A Ilha. Inclusive, a edição de 2023 já tem data para acontecer: 27 de maio no Parque Municipal.


A morte precoce do baterista Tio Wilson, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória, fez com que o grupo, inevitavelmente, repensasse sua carreira. E essa nova fase ressoa de maneira mais clara em seu novo disco Depois do Fim (2023). O novo trabalho certamente era esperado pelo fãs da banda, mas um novo disco é sempre oportunidade para angariar público. O álbum lançado em abril desse ano, é também uma deixa para que novos ouvintes entrem no universo da banda mineira.


Tal como previa o EP Fim, lançado em março desse ano e sucessor do álbum Memórias (de onde eu nunca fui) (2021), o grupo promove uma imersão em novas texturas sonoras que sinalizam um amadurecimento musical. Existe a máxima que nunca devemos julgar um disco pela capa, mas, inevitavelmente, é ela quem chama atenção no primeiro contato. A foto de Weber Pádua, mostra a banda do lado de fora de uma casa em chamas. A impactante imagem deixa no ar as intenções do grupo, mas também a certeza de que há uma mensagem a ser transmitida. E isso vai sendo desvendando a medida em que ouvimos o disco.


A linguagem pop segue como força motriz, mas tal característica vem envelopada por letras com tom mais lúgubre e cinzento, que atuam como contraponto à alegria e jovialidade de outrora em que sonoridades ligadas ao reggae e ao rock ensolarado davam o tom. O refrão da faixa título ("Vê se vai sem voltar / Não olha pra trás, que eu tô seguindo em frente / Tem gente que começa só depois do fim") serve como exemplo dessa nova fase, pois mostram, de forma íntima e pessoal, as fragilidades de alguém que busca juntar os cacos, se reconciliar com os erros o passado, se redescobrir e seguir em frente em busca de um novo eu.


Composto por 14 faixas, o disco é fruto de um processo de reclusão de dois meses na cidade de Campinas, São Paulo. O novo rebento mostra como a banda conciliou marcas peculiares ao seu som como o bom uso das harmonias vocais e melodias calcadas ao violão, mas também trouxe novos elementos e estendeu diálogos iniciados anteriormente. Nesse sentido, são muito bem-vindas faixas que exploram as mudanças de andamento rítmicas ("Habite-se"), o uso de metais ("Ponto de Vista") e beats eletrônicos ("Mudou Nada"). Outras faixas que se destacam são "De Amor Eu Não Morri", que utiliza um sample de "Samurai" de Djavan e o single "Olha Bela", um das poucas faixas que remetem ao Lagum de outros tempos.


Para além da questão musical, o grupo produziu visualizers, disponíveis no YouTube, para todas as faixas, que funcionam não só como uma extensão da atmosfera criada no disco como também mostra o quão ambicioso ele é.


Depois do Fim resulta num disco amplo, em temáticas e sonoridades, e mostram o porquê o Lagum é uma das bandas mais relevantes da nova geração.




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