A Audio-Technica é uma empresa japonesa fundada em 1962 em Tokyo, conhecida e respeitada no meio do áudio analógico pela qualidade da extensa linha de toca-discos, cápsulas e agulhas que fabrica. Os produtos da Audio-Technica, se já não integram o sistema de som, estão na lista de desejo de audiófilos, DJs e iniciantes no melhor formato.
Recentemente, uma notícia sacudiu o mercado: a chegada da Audio-Technica no Brasil(!). Conversamos então com Alexandro de Azevedo, diretor-presidente da marca no país, e descobrimos, entre outras coisas, que a Audio-Technica já estava entre nós.
Acompanhe nossa conversa onde ele fala sobre o mercado, detalha equipamentos e conta as expectativas da marca para os apaixonados por vinil.
Phono Brasil: Recebemos a notícia que fez muito barulho sobre a chegada da Audio-Technica no Brasil...
Alexandro: Na verdade, nós nunca saímos do Brasil. Estávamos, como posso dizer… adormecidos. Eu assumi as operações da Audio-Technica no Brasil há um ano, mas venho de uma trajetória de mais de 15 anos no mercado do áudio, tendo passado pela Harman, JBL e Bose. Desde março do ano passado estávamos sem distribuidor da área profissional, mas na área de consumer sempre tivemos a Karimex trabalhando com toca-discos, cápsulas e agulhas.
Qual o papel da Karimex e da Lecran no mercado?
A Karimex é nosso distribuidor há quase 4 anos para uma linha de varejo offline e online e distribui fones de ouvido, microfones da linha consumer, toca-discos, cápsulas e agulhas. Trabalham ainda, desde a metade do ano passado, com uma linha profissional de microfones e fones de ouvido que chamamos de crossover, que são produtos que navegam entre o mercado consumer e profissional e têm apelo em ambos os segmentos. É a Karimex que atende as plataformas da Amazon, FastShop, Magazine Luiza, Kabum etc.
A Lecran é um distribuidor que acabamos de abrir para suprir uma demanda latente que é o mercado de projetos de instalação, conferências e broadcast (TV, transmissão e streaming).
Como é o catálogo de produtos da Audio-Technica hoje no Brasil?
Nós temos vários catálogos e uma linha gigantesca de produtos a disposição do consumidor brasileiro. São fones e microfones consumer, toca-discos, agulhas e cápsulas, equipamentos para conferência, projetos de instalação, broadcast, microfonia pro, fones de ouvido pro e microfones wireless.
Como a Audio-Technica vê o mercado brasileiro, especialmente nesse momento de pandemia?
A Audio-Technica vê o Brasil como potencial para negócios. Somos um país ainda bem qualificado no ranking comercial e a Audio-Technica se convenceu com os resultados dos últimos meses. Sabemos que dá pra fazer negócio desde que se esteja focado e se entenda o mercado brasileiro com as suas tributações, leis e certificações. A decisão de abrir uma filial no Brasil começa com o intuito de ter controle sobre essas questões e de operar um site .com.br.
Realmente, a Covid compromete a parte de estoque, o atendimento e abastecimento do mercado. Os produtos puramente profissionais são os mais prejudicados. Vamos pegar como exemplo a microfonia: Amy Winehouse não abria mão de usar nossos produtos, assim como o Frejat e Lulu Santos. A turma da música não está fazendo shows e consumindo os produtos. Foi o primeiro mercado a parar com a pandemia e será o último a voltar.
Quais os serviços estão operando hoje no mercado brasileiro entre revenda, manutenção, suporte e fábrica, e quais as expectativas pro futuro?
Nesse momento, estamos ampliando a carteira de revenda. Apesar de estarmos com o offline parado por causa da pandemia, estamos em franca expansão em todas as linhas de produtos e distribuição em todas as regiões do país. Fizemos um avanço em janeiro, lançando a loja oficial no Mercado Livre e temos uma presença muito expressiva na Amazon, que é nosso cliente. Nossa perspectiva é crescer em operação para dar suporte a essa frente de distribuidores.
Hoje o consumidor tem suporte completo via distribuidor e nomeamos no ano passado uma assistência técnica nacional conectada diretamente com a Audio-Technica.
A presença no Mercado Livre é estratégica? Pretendem vender também pelo site oficial?
O Mercado Livre, hoje, é a maior empresa da América Latina. Não tem como ficar fora do Mercado Livre com uma amplitude dessas. Também estamos desenvolvendo landing pages na Fast Shop e Amazon. Dessa forma, além da visibilidade de marca e força institucional, conseguimos dar um balizamento de preço para o cliente final. No futuro, queremos que nosso site, que já está todo em português, tenha sim funcionalidade de vendas.
A Audio-Technica tem toca-discos para cada perfil de usuários. Gostaria que comentasse sobre a linha disponível.
A gente está com a linha praticamente completa de toca-discos disponível. Temos desde o nosso produto de entrada, que é o AT-LP60, passando pelo AT-LP120, até equipamentos profissionais e para audiófilos.
O AT-LP60, que é tracionado por correia, tem uma versão combo que acompanha um fone ATH-250AV e é vendido em várias opções de cores. Ele também vem com cápsula ATN3600L instalada.
O AT-LP120 já é um produto semi-profissional. Tem motor servo controlado de acionamento direto, controle anti-skating e velocidade de 33 a 78 RPM. Vem com cabeçote universal AT-HS6 de meia polegada e cápsula dual magnetic com agulha ATM95E elíptica. O braço é em forma de "S", tem o pré chaveado para linha ou phono e função USB que pode ser usada para converter áudio. Ele é um toca-discos de entrada para DJ com torque de 1,6 kgf.cm, enquanto o AT-LP140 tem 2,2 kgf.cm e o AT-LP1240, que é 100% profissional, tem 4,5 kgf.cm. Já fui DJ e posso garantir que esses toca-discos não deixam a desejar para marcas concorrentes.
Para o mercado audiófilo temos o AT-LP5 com acionamento direto e braço curvo. Outras opções são o AT-LPW40WN com acabamento em madeira ou o AT-LW50PB com acabamento black piano, ambos com correia e braço reto, equipados com a agulha ATM95E. Depois podemos saltar pro LP-7 que seria o “mais audiófilo”, acionado por correia aparente, totalmente manual, equipado com cápsula de ímã duplo VM520EB e com headshell AT-HS10 de dez grama equipado com agulha elíptica. Esse modelo é inspirado nos toca-discos clássicos dos anos 60 e 70 com braço em "J" e o chassi é uma placa de média densidade com amortecedores anti-vibração.
Em breve, teremos também os produtos bluetooth que estão em fase de certificação na Anatel.
E quanto ao mercado de fones de ouvido? Toda a linha está disponível?
Toda a linha com fio está disponível e os fones de ouvido bluetooth estão em processo de certificação. São modelos que vamos divulgar em breve. A linha de fones da série M, que é uma linha pro, mas que é famosa entre consumidores não-profissionais, como disse, também está sendo trabalhada por nosso distribuidor.
Selecionamos alguns comentário na internet sobre a notícia veiculada e gostaria de ler para você:
“Vamos torcer para que o preço das cápsulas e agulhas seja mais acessível”.
“Vamos ver se o valor dos toca-discos agora ficam mais em conta pois agora não teria a taxa de importação”.
“Os preços na loja da Audio-Technica até que não estão exorbitantes”.
“Basta querer [dar certo] e não ficar empurrando projeto descartado aqui como a SONY sempre fez”.
“Eu nem tava querendo um fone novo, mas com essa notícia, pensando bem, quero sim”.
“Vão montar toca-discos aqui”?
A pergunta que o mercado está fazendo é: os produtos Audio-Technica estarão mais acessíveis para o consumidor brasileiro?
Na América Latina, a Audio-Technica vem mudando sua estratégia desde o final de 2018 e início de 2019 quando foi aberta a filial da Audio-Technica em Buenos Aires. Nesse momento a Audio-Technica começa a enxergar a América Latina com outros olhos e estabelecer estratégias 100% focadas na macrorregião. Até então, éramos atendidos pela filial dos Estados Unidos. A equipe então mudou toda e eu vim para tocar a operação no Brasil. Eu reporto para um diretor da Audio-Technica Corporation do Japão que transita entre a Europa e Buenos Aires.
Obviamente, com a abertura da nossa filial no Brasil, queremos ser mais competitivos. Sabemos da dificuldade de preço e buscamos alternativas com nossos distribuidores nesse sentido, atendendo melhor e melhorando a logística para diminuir custos.
Temos um preço muito competitivo para os toca-discos em relação à concorrência, mas quanto ao mercado de cápsulas e agulhas, infelizmente, existe um mercado informal de marcas de renome e é difícil concorrer com a informalidade. Nossos distribuidores trabalham 100% dentro da legalidade e a carga tributária brasileira é inevitável.
Hoje não há planos para fabricar no Brasil, mas já demos o primeiro passo e nada impede que isso venha a acontecer um dia.
Conheça em detalhes os produtos Audio-Technica no site audiotechnica.com.br.
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