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Foto do escritorBruno Lisboa

Tijolo da Lupe de Lupe é ode aos primórdios do punk rock


Musicalmente falando, os puristas (leia-se chatos de plantão) tendem a cravar que o "rock está morto". Essa "análise" errônea é feita por pessoas que estão presas emocionalmente à música produzida em outras décadas.


Por mais que todos tenhamos identificação com a música que fez parte de nossa formação, é interessante perceber como muitos ouvintes preferem permanecer em "estado vegetativo" em detrimento da busca por novos sons. Mesmo em tempos em que o acesso a ela é ininterrupto e irrestrito.


Essa reflexão inicial é um preâmbulo para falar sobre um dos melhores discos de 2023: o intenso Um Tijolo Com Seu Nome da banda Lupe de Lupe.


Por mais que o grupo mineiro esteja a mais de uma década na estrada, foi com o disco Quarup (2014) que o quarteto conquistou de vez público e crítica. O mesmo, aliás, figurou em diversas listas de melhores do ano e da década.


Formado por Vitor Brauer, Jonathan Tadeu, Renan Benini e Gustavo Scholz, o som do grupo é orgânico, visceral, sujo, honesto e primitivo, remetendo aos primórdios do punk.


Seu mais recente disco, é um registro audacioso, em vários sentidos. A começar pelo fato de que cada canção dura pouco mais de um minuto. Tal aposta resulta numa sonoridade crua e direta ao ponto, dominada por guitarras estridentes e bateria pulsante.


Composto por 24 faixas, o caos sonoro é refletido nas letras urgentes, raivosas e existencialistas cujos títulos remetem a nomes próprios como "Clarisse", "Ricardo", "Sara", "Lorena" e "Bruna".


Recomenda-se, inclusive, que se ouça o disco no modo shuffle, tal como nos discos da banda de grindcore paulistana Test, para se ter experiências múltiplas a cada audição.


Em resumo, o novo disco da Lupe de Lupe rema, acertadamente, contra a maré mercadológica contemporânea, que prima por produções pasteurizadas, que soam bonitas por fora, mas ocas por dentro.


O resultado é honesto do primeiro ao último acorde, característica que há de ser valorizada. Ainda mais em tempos nos quais o rock busca se reafirmar enquanto gênero musical para as novas gerações.


Foto: Tiago Baccarin/Divulgação
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